Veganismo no esporte: minha jornada como paratleta vegana

Maria Fernanda

Por Maria Fernanda

Olá, meu nome é Maria Fernanda Garcia Alves. Tenho 24 anos, sou de Brasília e vegana há 4 anos. Além disso, sou paratleta de tênis em cadeira de rodas e membro da seleção brasileira. Hoje quero compartilhar com vocês minha jornada no veganismo, minhas experiências como paratleta e provar que é possível, sim, ser atleta de alto nível e vegana. É um prazer dividir minha história com vocês!

Minha jornada no esporte

Desde muito nova, eu sempre soube que seria atleta, inicialmente acreditando que seria na natação, onde comecei com apenas 3 anos, ainda na Educação Infantil.

Em janeiro de 2005, aos 4 anos, eu e minha família sofremos um grave acidente de carro. Uma picape descontrolada atravessou o canteiro central e colidiu de frente com nosso carro. Embora o cinto de segurança tenha salvado minha vida, o impacto me deixou paraplégica.

Cerca de um ano depois, com o apoio da minha madrinha, voltei para a natação. Nadar me proporcionava uma sensação de liberdade. Aos 12 anos, descobri o tênis em cadeira de rodas através da mesma ONG onde nadava. Encantada pelo novo esporte, e sem possibilidade de fazer duas modalidades ao mesmo tempo por conta dos estudos, troquei a natação pelo tênis, e essa paixão moldou minha vida desde então.

Onde tudo começou

A palavra que define meu início no veganismo é conexão.

Antes, eu vivia no automático: a carne estava no meu prato e eu comia sem pensar na origem, no sofrimento animal ou na destruição ambiental envolvida. Eu não fazia essa conexão. Um dia, notei que minha mãe não estava mais comendo carne e perguntei o motivo. De forma simples e objetiva, sem me pressionar, ela explicou que sua decisão era pelos animais. Essa conversa ressoou profundamente em mim, e a partir daquele momento decidi que eu também não podia mais cooperar com o sofrimento animal.

Maria Fernanda

Minha transição para o veganismo

Para começar, em 17 de novembro de 2018, excluí todas as carnes do meu prato, tornando-me ovolactovegetariana. Dois anos depois, terminei minha transição e me tornei vegana. A partir daí, comecei a estudar sobre a importância do veganismo para a saúde, para o planeta e, principalmente, para a vida dos animais. Eu sabia que enfrentaria críticas e perguntas, que muitas pessoas até mesmo tentariam me convencer a abandonar o veganismo, então precisava de argumentos sólidos.

Eu tive muito apoio de amigas e da minha família, mas no ambiente esportivo, meu ambiente de trabalho, eu sofri muito com as piadinhas e brincadeiras de mal gosto, me sentia incompreendida. A favor de uma comunicação não violenta e certa de que o diálogo aberto e respeitoso é sempre o melhor caminho, conversei com os atletas e com os técnicos, pedindo respeito a minha escolha, e fui atendida.

É possível ser uma atleta profissional e manter uma dieta à base de plantas?

Quando decidimos mudar algo, independentemente do que seja, o medo é inevitável. O meu principal medo era não ter energia suficiente para aguentar os jogos e treinos. Mas com uma dieta equilibrada, rica em proteínas vegetais, eu senti uma diferença enorme na minha disposição e no meu rendimento dentro e fora das quadras. Preciso ressaltar que tive e tenho o suporte da minha nutricionista, que é atleta, vegana e uma fonte de inspiração e de certeza de que estou no caminho certo.

A minha qualidade de vida melhorou significativamente após a transição para o veganismo. Senti menos inflamação, meu intestino passou a funcionar melhor e me senti mais leve. Minha recuperação após treinos e jogos se tornou muito mais rápida, e meu desempenho aumentou. Além de salvar a vida dos animais, que foi o principal motivo da minha decisão, percebi que o veganismo me deu uma vantagem competitiva em relação a outros atletas, pois minha performance melhorou muito. No esporte de alto rendimento, cada detalhe importa e faz uma grande diferença.

Maria Fernanda

Minha missão

Há diversas formas de ativismo, e o meu ativismo pelo veganismo é através do exemplo, dos resultados dentro e fora de quadra e do diálogo respeitoso e aberto. Mostro ser possível, sim, ser atleta de alto rendimento, ter um excelente desempenho e ser vegana. Procuro sempre desconstruir a ideia de que veganismo e esporte não podem caminhar juntos, desmistificando isso aos poucos.

Maria Fernanda

Quando estou em quadra, não estou representando apenas a atleta Maria Fernanda Alves ou o Brasil. Estou representando também o veganismo, mostrando ao mundo que a vida de todos os animais importa. Excluí-los do nosso prato, vestimentas e objetos é uma decisão muito importante que beneficia não só os animais, mas também os seres humanos e o planeta. Tenho muito orgulho disso e vou carregar essa bandeira para sempre.

Obrigada pela leitura!


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Maria Fernanda Alves

Maria Fernanda Alves, paratleta de tênis em cadeira de rodas, medalhista de prata Parapan-Americana. A favor da libertação animal, é ativista do veganismo dentro e fora das quadras.

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