Animais criados em fazenda: a pecuária industrial é ruim para os animais?

Lambs in south of France, by-products of the Roquefort cheese industry. Credit: L214

O termo “pecuária industrial” é tão comumente usado hoje em dia que às vezes esquecemos o que ele realmente significa: a exploração sistemática de seres vivos em uma escala imensa, tendo por eles tanta consideração quanto se fossem apenas componentes de um carro sendo montado em uma linha de fábrica. Mas cada um dos animais gerados, criados, mutilados, espancados, deliberadamente engravidados, famintos, enjaulados e abatidos é um indivíduo: cada um com uma personalidade distinta e com desejos e necessidades que a pecuária industrial nunca poderia atender.

O QUE SÃO FAZENDAS INDUSTRIAIS?

As fazendas industriais são instalações de grande escala onde os animais são gerados, engordados por sua carne ou explorados por seu leite ou ovos e depois abatidos. Nada sobre isso é natural: desde o uso de inseminação artificial (e às vezes cirúrgica) nas fêmeas até os alimentos anormais que recebem e os armazéns artificialmente iluminados e ventilados em que estão confinados.

A pecuária é um negócio que tem como objetivo principal o lucro e nada é deixado ao acaso. Os animais são alimentados com o mínimo necessário para mantê-los vivos e produtivos. Seus movimentos são severamente limitados, caso contrário, a alimentação seria desperdiçada em momentos de locomoção ou brincadeira, quando todas as calorias deveriam ser destinadas à criação de carne, leite ou ovos. Eles são enjaulados e encaixotados para nossa conveniência, apesar dos danos psicológicos e físicos que isso causa. Amigos assistem amigos morrerem. Bebês são retirados de mães aflitas. Nessa indústria implacável, nada disso importa, desde que os lucros continuem chegando.

POR QUE A PECUÁRIA É RUIM PARA OS ANIMAIS?

É preciso muito pouca imaginação para entender por que estar amontoado dentro de um galpão ou de uma gaiola imunda, ficar de pé com os pés doloridos ou com as pernas quebradas e respirar um ar tóxico enquanto aqueles ao seu redor sucumbem e morrem não constitui uma boa vida. Afinal, nós também somos animais e, em um nível fundamental, as coisas que queremos são as mesmas coisas que os outros animais querem: viver livremente, ser bem alimentado, escolher um companheiro e criar filhos, se os tivermos, sentir-se seguro e viver livre da dor.

A pecuária é definida pelo confinamento e ser confinado com um grande número de outros seres significa que os animais quase nunca recebem atenção individual, especialmente animais menores, como galinhas e patos. Afinal, quando há dezenas de milhares de animais em um só galpão, como eles podem ser tratados como os seres distintos que são? Então, se um deles ficar doente, vai morrer ali sem tratamento. Se algum deles se machucar ou for mutilado, viverá toda a sua vida com dor.

O abuso acentua a vida miserável dos animais que são frequentemente chutados, espancados, provocados eletricamente e arremessados. Até que um dia eles se tornam livres de tudo, mas seu primeiro dia de liberdade fora dos galpões, caixotes e gaiolas é o dia em que morrerão.

ANIMAIS CRIADOS EM FAZENDAS INDUSTRIAIS

A maioria dos animais submetidos a este tratamento impiedoso são animais destinados ao consumo humano, mas os visons são tratados da mesma forma para a obtenção de seu pelo e os cachorros para o comércio de animais de estimação. Coelhos também recebem esse péssimo tratamento, mas seu futuro é menos certo. Os coelhos que saem das fazendas industriais podem ir para o matadouro, para o laboratório de vivissecção ou viver em uma gaiola no quintal de alguém.

Galinhas

As galinhas são provavelmente os animais mais maltratados do planeta, com a maioria delas sendo criadas em fazendas industriais para consumo humano. Essas aves passam suas vidas curtas dentro de grandes armazéns com dezenas de milhares delas. Milhões não conseguem nem mesmo sobreviver às sete semanas que lhes são dadas dentro desses galpões e vão sofrer, morrer e apodrecer na forragem que cobre o chão.

As galinhas não têm direito a mais do que sete semanas de vida. Essas aves foram criadas seletivamente para ficarem enormes nesse período, mas dentro desse corpo de Frankenstein elas ainda são bebês. Ainda piam e têm olhos como de pintinhos. Como seus corpos crescem muito rápido, seus corações, pulmões e ossos são submetidos a uma enorme pressão. Os ossos se quebram sob o grande peso que carregam e os corações param. Aquelas que adoecem ou são fracas podem morrer de fome e ser varridas junto com o lixo quando os galpões são limpos para o próximo lote de vítimas.

Uma raça diferente de galinha é criada para a produção de ovos. Nos Brasil, a maioria das galinhas poedeiras são engaioladas e vivem em uma área do tamanho de uma folha de papel carta. Todos os comportamentos naturais são negados a elas: não podem ciscar, procurar comida, aninhar ou se empoleirar. Não há nem espaço para abrir suas asas.

Um procedimento especialmente cruel é imposto às galinhas poedeiras em muitas fazendas no mundo: a muda forçada, ou seja, jejum forçado. Negar comida aos pássaros por até três semanas é incrivelmente cruel. As aves perdem peso, suas penas caem e elas param de botar ovos. Elas ficam com tanta fome que comem qualquer coisa que possam encontrar – até as próprias penas que caíram. Mas para alguns avicultores, vale a pena infligir esse trauma nelas, porque quando as aves voltam a ser alimentadas e a produção de ovos é retomada, os ovos são ainda maiores e mais rentáveis. Isso é o quão pouco consideramos o bem-estar das criaturas sencientes nas fazendas industriais.

Vacas

Assim como duas raças de galinhas foram criadas propositadamente, também existem duas raças de gado: uma que produz volumes anormais de leite e a outra que ganha muito músculo para a produção de carne.

As pessoas ficam surpresas em saber que as vacas usadas para a produção leiteira não dão leite constantemente de forma natural, como se outros mamíferos – inclusive seres humanos – pudessem produzir leite a qualquer momento. Para produzir leite, todos os mamíferos devem primeiro engravidar e nós o produzimos para alimentar nossos filhos. Mas, no caso das vacas, não queremos esses filhotes, nós queremos apenas o leite. Assim, quando o bezerro nasce, há três coisas que podem acontecer: se for fêmea, ela será tirada de sua mãe para que não possa beber o leite e será enclausurada sozinha em preparação para o dia em que ela também poderá ser engravidada; se for macho, ele será removido para que não possa beber o leite e talvez seja encaixotado sozinho, mantido fraco e anêmico para que possa ser abatido pela carne de vitela; já aqueles considerados sem valor comercial podem simplesmente ser afastados de suas mães e mortos no mesmo dia, baleados na cabeça.

Os bois criados para a produção de carne são tipicamente engordados até atingirem o peso para abate. Nesse meio tempo, eles podem enfrentar procedimentos dolorosos como a queima da pele para serem marcados ou o corte dos chifres para evitar que possam se defender durante o manejo. Quando chegam ao peso desejado, são enviados para o matadouro, onde suas vidas terminam precocemente.

Patos

A maioria de nós vê os patos em espaços aquáticos e acha que a vida deles parece muito boa. Não vemos os milhões que, como galinhas, são mantidos amontoados dentro de galpões de fazendas industriais. Todos os horrores que as galinhas suportam, os patos também enfrentam: o encarceramento, a superlotação, a forragem do chão cheia de amônia que queima seus pés. Mas os patos têm uma crueldade adicional imposta a eles: não têm acesso à água.

Os patos são aves aquáticas: eles precisam de água. Eles precisam dela para regular sua temperatura e para se manterem limpos. Sem água para mergulhar a cabeça, seus olhos formam crostas e alguns patos ficam cegos.

Dentro de galpões imundos e escuros, essas aves brincalhonas – que precisam se molhar, nadar, mergulhar e brincar na água – são obrigadas a ficar de pé o tempo todo. Pernas quebradas não são incomuns.

Quase toda a carne de pato encontrada em mercados e restaurantes vem dessas pobres almas, escondidas dos olhos do público dentro de galpões em fazendas industriais.

Visons

Há cento e cinquenta anos atrás, os visons selvagens eram capturados e mantidos em gaiolas onde sua pelagem podia ser “coletada” sem que os caçadores tivessem que sair para a natureza para pegá-los. Ao longo dos anos, esses animais semiaquáticos foram cruzados diversas vezes para aumentar sua produção de pelos. Embora agora possam ser considerados domesticados, seus instintos selvagens permanecem muito fortes. Afinal, eles são mantidos em cativeiro há apenas 150 anos, o que é um piscar de olhos comparado aos 12.000 anos de domesticação dos cães.

Visons são criaturas tímidas, solitárias e introvertidas. A última coisa que eles precisam é ser forçados a viver em pequenas gaiolas de arame, amontoados com muitos outros visons. O estresse é imenso e leva muitos a se automutilarem.

Assim como patos, visons precisam de água. Naturalmente, eles passariam 60% do tempo na água, mas eles não veem nada disso nas fazendas, exceto em um tubo para beber água. Esses lindos animais semi selvagens são mantidos enjaulados e psicologicamente torturados para que as pessoas possam usar peles que não lhes pertencem e que não precisam.

Porcos

Os porcos são como os cães: inteligentes, sociáveis, divertidos e cheios de personalidade. Eles amam até mesmo que esfreguem a barriga deles e abanam o rabo quando estão felizes. Embora compartilhem muitas características em comum, a maneira como tratamos essas duas espécies não poderia ser mais diferente.

A maioria de nós ama os cães. Eles são nossos melhores amigos e compartilham nossas casas, nossas camas e nossas vidas. Se alguém os colocasse em um caixote tão pequeno que eles não pudessem dar um passo nem para a frente e nem para trás e os deixasse lá por semanas a fio durante a gravidez, ficaríamos revoltados. Se eles desenvolvessem enormes feridas abertas em seus ombros por serem forçados a deitar em pisos de concreto, nós pediríamos que medidas fossem tomadas. Se eles não tivessem nada para fazer para ocupar suas mentes e suas frustrações levassem os animais a machucarem uns aos outros, nós choraríamos. E se o primeiro dia em que eles fossem libertados dessas condições horríveis fosse o dia em que seriam carregados em um caminhão e levados para o abate, ficaríamos indignados com o abuso de seres que mereciam uma vida muito melhor.

No entanto, quando isso acontece com milhões de porcos, nós temos a tendência de olhar para o outro lado ou de acalmar a consciência perturbada dizendo “eles não conhecem nada melhor”. Mas eles conhecem. Eles sabem que esta não é a vida que escolheram, quiseram ou mereceram.

Cachorros

Enquanto comparamos porcos com cachorros e dizemos que ficaríamos indignados se alguém tratasse nosso cachorro como os porcos são tratados, devemos saber que a mãe do cachorro que tanto amamos também pode estar vivendo agora como se estivesse dentro de uma fazenda industrial imunda.

Existem inúmeros criadouros que produzem milhões de filhotes para venda a cada ano no Brasil. Podemos ver um cachorrinho adorável e ficar tão impressionados que não pensamos em nada além daquela carinha peluda. Não vemos que sua mãe está sozinha e presa dentro de uma gaiola, sendo engravidada repetidamente até que ela esteja exausta demais para produzir mais filhotes. Como todos os outros animais de criação industrial, quando os cães reprodutores não são mais produtivos, é provável que sejam mortos.

Esses cães – que são tão amorosos e maravilhosos quanto o que está na sua cama – nunca conhecerão o conforto de um lar, a amizade e o amor de uma família ou mesmo a ausência de desconforto e de dor que os exames veterinários e o tratamento de pulgas podem garantir. Em vez disso, eles vivem – e muitas vezes morrem – dentro de uma gaiola em um galpão escuro, nunca tendo saído para passear, perseguir uma bola ou brincar com alguém.

Este sistema sem coração existe apenas porque as pessoas compram cães de fábricas de filhotes. Isso pode acabar se as pessoas optarem por adotar cães de abrigos ao invés de comprá-los.

Coelhos

É extremamente difícil proporcionar uma vida significativa e feliz a um coelho em cativeiro. Como animais selvagens, eles precisam de liberdade, muito espaço para correr, pular e brincar. Eles precisam de terra para cavar uma toca, de coisas para subir, de coisas para se esconder, de comida fresca e adequada e da companhia de sua própria espécie. Como presas, eles também precisam ser protegidos de ataques de cães e de raposas, além de ser protegidos de doenças, temperaturas extremas e coisas que os assustam. Esses bichinhos fofos são extremamente complexos na realidade.

Dentro das fazendas, nenhum esforço é feito para dar a esses animais uma vida digna de ser vivida. Só é feito o suficiente para mantê-los vivos até estarem prontos para o abate. Como visons e galinhas poedeiras, eles são enjaulados a vida inteira. A tela de arame causa feridas abertas e abscessos em seus pés e eles sofrem queimaduras causadas pela urina por não terem escolha a não ser deitar em seus próprios dejetos.

Essas criaturas gentis são submetidas a uma vida miserável, mantidas em condições impróprias para seu bem estar. Apenas nos EUA, estima-se que haja, pelo menos, 4.000 fazendas de coelhos.

Salmão e Truta

Até os peixes são criados em fazendas industriais. Aqueles que apoiam esse sistema argumentam que ele tira a pressão das espécies selvagens, mas uma pesquisa mostrou que isso não é verdade porque os peixes selvagens ainda são retirados dos oceanos para alimentar os peixes criados em cativeiro.

Nos EUA, o único salmão do Atlântico disponível para venda é de criação industrial. Na natureza, esta espécie incrível viaja milhares de quilômetros durante sua vida. Eles usam seu olfato para encontrar os rios onde nasceram e nadam até 321 quilometros para localizar um bom local de desova. Nas piscinas imundas das fazendas, todos os seus instintos e comportamentos naturais são impedidos.

Imagens secretas feitas em uma fazenda de salmão no Maine revelaram o sofrimento que essas criaturas selvagens são forçadas a suportar: salmões desfigurados foram retirados de tanques lotados e deixados para sufocar lentamente em recipientes de plástico. Alguns sofriam de deformidades na coluna, enquanto outros tinham o rosto corroído pelo crescimento de fungos. Como é frequentemente flagrado em investigações, o sofrimento dos animais é agravado pelos maus-tratos deliberados que sofrem dos trabalhadores. Nesta fazenda, trabalhadores foram filmados batendo e pisando nos peixes.

Como os salmões, as trutas são criadas em fazendas industriais nos EUA e, como todos os outros animais de criação, as condições anti-higiênicas e de superlotação as deixam suscetíveis a uma série de doenças fúngicas, virais e bacterianas. Em julho de 2020, um surto bacteriano nunca antes visto matou cerca de 60.000 animais em uma fazenda de trutas na Califórnia.

Devemos nos importar com os peixes? Eles sentem dor? Uma pesquisa diz claramente que a resposta é sim.

Perus

As pessoas gostam da carne de peito de peru e quanto mais peso cada ave tiver, mais dinheiro pode ser ganho com a venda de seus corpos. Para aumentar ao máximo o tamanho do peito, os perus foram selecionados geneticamente e é por isso que as aves criadas em fazendas industriais têm a forma atual. Embora maximize os lucros dos criadores, isso tem um custo para as aves.

O peito é tão grande que a maioria dos perus não consegue mais se reproduzir naturalmente. Em vez disso, “ordenhadores de perus” são contratados para estimular o macho até que ele ejacule e uma seringa ou canudo cheio de sêmen é inserido na fêmea. As aves são frequentemente feridas durante o processo.

Os perus são criados da mesma maneira que as galinhas: nos mesmos galpões cheios e sujos onde as aves sofrem os mesmos problemas, incluindo queimaduras por ficarem em pisos encharcados de urina, problemas nas articulações e nas pernas, problemas nos pés e dificuldade de locomoção. Eles também sofrem das mesmas lesões relacionadas ao tédio que porcos e galinhas.

Estes perus estão muito longe de seus ancestrais selvagens que procuravam alimento no chão da floresta e voavam distâncias curtas a uma velocidade de até 80 quilômetros por hora. Mas, como seus ancestrais selvagens, os perus criados em fazenda são animais brilhantes, curiosos e – se tiverem a chance – cheios de travessuras. Nas fazendas, eles são tratados como um produto, mas cada ave tem uma personalidade tão diferente quanto cada pessoa que você conhece.

A PECUÁRIA INDUSTRIAL É CRUEL?

Cruel
adjetivo
causar intencionalmente dor, sofrimento, ou angústia nos outros ou não se preocupar com isso.

Sim. Essa é a própria definição de pecuária industrial.

COMO OS ANIMAIS CRIADOS EM FAZENDAS INDUSTRIAIS SÃO MORTOS?

O abate comercial não é como sacrificar um cachorro doente. É brutal, implacável e aterrorizante.

Depois de serem transportados por longos períodos, os animais assustados são empurrados, chutados, espancados e arrastados para o matadouro em meio ao fedor de sangue e aos sons de metal batendo e de gritos de animais apavorados.

Todos os animais terrestres são abatidos sendo virados de cabeça para baixo e tendo suas gargantas cortadas, o que significa que eles morrem por sangramento. A lei diz que os animais devem ser atordoados primeiro – embora existam exceções as quais permitem que milhões de animais sejam esfaqueados totalmente conscientes – e os métodos de atordoamento variam de matadouro para matadouro e de espécie para espécie.

O objetivo do atordoamento é deixar os animais inconscientes antes que suas gargantas sejam cortadas, mas isso não torna o processo livre de crueldade. Longe disso.

As vacas são atordoadas com uma “pistola de dardo cativo”, que dispara um parafuso retrátil no cérebro do animal. Acertar a potência, o posicionamento e a direção não é fácil, especialmente quando um animal assustado está tentando escapar e, portanto, as vacas são frequentemente baleadas na cabeça várias vezes antes de perderem a consciência e caírem no chão.

As ovelhas geralmente são atordoadas com a passagem de uma forte corrente elétrica através de seus cérebros. Pinças eletrificadas são colocadas em torno de suas cabeças, mas se a colocação estiver errada, ou as pinças não forem aplicadas com a duração correta, ou se o animal assustado se mover – como costuma acontecer – ele receberá um grande choque elétrico, mas não ficará inconsciente.

Como as ovelhas, os porcos também podem ser atordoados usando-se pinças eletrificadas e as mesmas preocupações com o bem-estar se aplicam, embora esteja se tornando cada vez mais comum forçar os porcos a entrarem em gaiolas e abate-los em câmaras cheias de gás. À medida que os animais entram em pânico e hiperventilam, eles respiram os gases tóxicos, convulsionando devido ao veneno abrasivo e sufocando por falta de oxigênio.

Galinhas e perus podem ser pendurados pelas pernas de cabeça para baixo e arrastados por água eletrificada. Isso é ruim o suficiente, dada a alta proporção de aves que chegam com as pernas quebradas no matadouro. Mas aqueles que são pequenos podem passar longe da água, enquanto outros levantam a cabeça deliberadamente para evitá-la. Essas aves chegarão ao cortador de pescoço totalmente conscientes. E cada vez mais, as aves estão sendo mortas em câmaras de gás.

Atordoar animais causa imenso sofrimento, mas não atordoá-los também causa imenso sofrimento. Não há como solucionar isso e não existe abate humanitário.

QUAL A PORCENTAGEM DE CARNE QUE VEM DA PECUÁRIA INDUSTRIAL?

Embora boa parte do rebanho de bois no Brasil seja criado em pecuária extensiva, a maior parte dos animais que consumimos, incluindo galinhas e porcos, são mantidos em fazendas industriais, então quase toda a carne é produto da pecuária industrial que é tão cruel. Além disso, independente do modelo de criação, todos os animais são submetidos ao aterrorizante processo de abate para virarem carne.

FATOS SOBRE OS ANIMAIS E A PECUÁRIA

1. Vacas leiteiras são inseminadas artificialmente assim…

Uma mão humana entra no ânus da vaca para colocar seu colo do útero na posição, enquanto a outra mão insere um tubo de sêmen em sua vagina. Quão natural o leite parece com essa informação?

2. As ovelhas têm esponjas hormonais inseridas em suas vaginas

Para se certificar que todos os cordeiros vão nascer ao mesmo tempo, os criadores garantem que todas as ovelhas engravidem ao mesmo tempo, colocando-as no cio com a ajuda de esponjas embebidas em hormônio que são inseridas em suas vaginas.

3. As ovelhas podem ser inseminadas cirurgicamente

As ovelhas que não engravidam são chamadas de “vazias” e os criadores agora querem essas ovelhas. O motivo é que elas podem ser fecundadas cirurgicamente para maximizar as chances de gravidez.

4. Todos os animais são mutilados

As vacas são marcadas, têm seus chifres cortados e são castradas. Os porcos têm o rabo cortado, os dentes cortados e são castrados. As ovelhas têm o rabo cortado, são castradas e podem ter fatias de pele cortadas durante a tosa. As galinhas têm os bicos cortados. Os perus têm seus pedúnculos e garras cortados. O uso de analgésico é raramente feito ou considerado necessário.

5. Os animais são todos ainda bebês quando são mortos

Não é apenas a carne de vitela que vem de bebês. As galinhas podem ter apenas seis semanas de idade quando são mortas. Vacas, ovelhas e porcos apenas alguns meses. Eles são todos ainda bebês quando são transformados em produtos pela indústria.

6. Ninguém sai vivo

Ser ovolactovegetariano poupa a vida de alguns animais, mas todas as galinhas poedeiras e todas as vacas leiteiras serão enviadas para o abate quando deixarem de produzir as quantidades exigidas. Seus corpos pobres e fracos são transformados em produtos industrializados de baixa qualidade, como sopas, recheios, etc.

7. Fazendas industriais são inseridas em comunidades vulneráveis

As fazendas industriais de suínos geralmente estão localizadas em áreas rurais onde a terra é barata – geralmente em meio a comunidades periféricas. Uma pesquisa mostrou uma conexão entre “a poluição do ar das fazendas de suínos e taxas mais altas de náusea, aumento da pressão arterial, problemas respiratórios como chiado e aumento dos sintomas de asma em crianças e diminuição geral da qualidade de vida das pessoas que vivem nas proximidades”.

8. As lagoas de dejetos matam pessoas

Os dejetos que causam desconforto respiratório nos moradores locais também podem matar pessoas. Os trabalhadores rurais morrem por causa dos gases que vêm das imensas piscinas de armazenamento de estrume.

9. As lagoas de dejetos também matam a vida selvagem

O chorume vaza dessas “lagoas” de armazenamento e envenena os cursos d’água, criando “zonas mortas” onde nenhum animal pode sobreviver. A pecuária industrial é péssima para a vida selvagem.

10. A pecuária impulsiona o desmatamento e a perda de espécies selvagens

A produção de carne precisa de tanta terra (porque fornece muito menos calorias por hectare do que os alimentos vegetais) que não temos espaço suficiente para produzi-la. Então, grandes faixas de florestas são cortadas para dar lugar ao pasto ou ao cultivo de alimentos para animais criados em fazenda. Os animais selvagens que viviam lá são expulsos ou mortos. Desde 1970, os humanos eliminaram 60% de todas as populações de animais selvagens e a pecuária é uma grande parte do problema.

A HISTÓRIA DA PECUÁRIA

Enquanto a criação de visons começou há 150 anos, a criação industrial de animais para consumo humano realmente começou com as galinhas na década de 1920. Com a intensificação da produção, o tamanho dos rebanhos aumentou, os custos caíram e os lucros aumentaram.

Na década de 1940 – e parcialmente em resposta à escassez global de alimentos durante a Segunda Guerra Mundial – a pecuária realmente começou a se intensificar. Não apenas visons e galinhas, mas perus, patos, porcos e vacas – qualquer animal que pudesse ser explorado por sua carne, leite, ovos, peles e pelos poderia gerar lucros maiores com o aumento dos números e a diminuição da compaixão.

As gaiolas se tornaram a norma para galinhas poedeiras nas décadas de 1950 e 1960 e as gaiolas de gestação passaram a aprisionar as porcas grávidas na mesma época. Desde então, tem sido uma corrida rumo ao fundo do poço e agora a grande maioria dos bilhões de animais criados para consumo no mundo são mantidos dentro de fazendas industriais.

É uma situação desesperadora, mas há esperança. O rápido aumento do consumo de carne – impulsionado pela produção barata em fazendas industriais – não está mais sendo visto como algo positivo. Agora, sabemos as conexões com as mudanças climáticas, o desmatamento, a perda de espécies, a resistência a antibióticos, as pandemias , as doenças cardíacas, o diabetes tipo 2, a doença de Alzheimer e alguns tipos de câncer. Mais e mais pessoas estão enxergando os absurdos da pecuária industrial.

Esperamos que queda dessa exploração seja ainda mais rápida do que sua ascensão.

CONCLUSÃO

Em uma pesquisa realizada em 2020, 94% dos americanos disseram que os animais criados em fazenda merecem viver livres de abuso e de crueldade. Esse dado, com certeza, reflete o pensamento da maior parte das pessoas no mundo. Entretanto dado que quase todos os animais criados em fazenda são criados em fazendas industriais e que a maioria das pessoas ainda come carne, há uma desconexão real entre o que acreditamos e o que fazemos.

Quando as investigações revelam sofrimento nas fazendas, há um clamor compreensível porque a maioria das pessoas é gentil e se importa. Mas para muitos, deixar de financiar a pecuária industrial mudando o que comem pode parecer realmente desafiador.

Mas você sabe de uma coisa? Algo maravilhoso acontece quando vivemos da maneira que acreditamos. É comum ouvir das pessoas que mudaram para uma alimentação à base de plantas, não apenas que sentem seus corpos mais fortes, em forma e mais saudáveis, mas também que se sentem mais leves e mais felizes. Muitos novos veganos relatam que seu bem estar emocional melhora e que começam, finalmente, a se sentir verdadeiramente em paz.

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