Produção de ovos: fatos sobre a indústria de ovos

Fazenda de produção de ovos em gaiolas no Reino Unido - Crédito: Chris Shoebridge

Quando alguém pensa em ovos, é comum que apenas considere que são um produto conveniente que vem do supermercado. Mas este é um convite para irmos um pouco mais fundo nessa questão e olhar além do produto embalado e empilhado no alto de uma prateleira. Em vez disso, vamos considerar as vidas de animais empilhados dentro de gaiolas em fazendas industriais.

E se olharmos objetivamente para esta indústria, tomando cuidado para não sermos enganados pela manipulação das empresas de ovos, veremos algo bastante óbvio: que os ovos são, de fato, o material reprodutivo de animais fêmeas exploradas e abusadas em escala industrial.

O que é uma granja de ovos?

As granjas de ovos modernas mantêm dezenas de milhares de aves fêmeas — geralmente galinhas — encarceradas para colher com eficiência os ovos que elas botam. Eficiência é prioridade para a pecuária, afinal trata-se de um negócio e cada centavo gasto é rigidamente controlado. Nesse ato de equilíbrio financeiro entre gastos e lucros, o bem-estar e o que faz a vida valer a pena para bilhões de aves simplesmente não são levados em consideração.

Embora existam algumas granjas orgânicas e sem gaiolas no Brasil, a realidade é que a maioria da produção de ovos é intensiva e a grande maioria das galinhas vive dentro de uma gaiola. Elas não veem o sol, nem ficam ao ar livre ou ciscam na terra. Pelo contrário, as condições são deploráveis como já revelado em investigações realizadas em granjas brasileiras.

As gaiolas — feitas de tela de arame que pode cortar os pés dos animais — são empilhadas, umas em cima das outras. As aves na camada inferior são rotineiramente banhadas com excrementos e urina. Não apenas sua liberdade lhes é negada, mas o sofrimento é parte integrante de suas vidas diárias e toda sua dignidade também lhes é retirada. O dia em que finalmente saem das gaiolas é o dia em que morrem.

O processo de produção de ovos

Quando se trata da produção de ovos, a raça de galinha criada pela indústria é selecionada especificamente para uma alta produção de ovos. Mas, como acontece em toda a natureza, cerca de 50% das aves que nascem são as fêmeas que serão destinadas a uma vida inteira dentro de uma gaiola, os outros 50% são os machos.

Assim como bezerros machos da indústria leiteira, esses pintinhos não são mais do que um subproduto indesejado. Por serem machos, eles não podem botar ovos, são da raça errada para ganhar músculo rápido e produzir muita carne, por isso os avicultores simplesmente não desperdiçarão ração com eles. Assim, no primeiro dia de vida, esses lindos pintinhos — fofos e amarelos como os de um cartão de Páscoa — se encontram em uma esteira industrial indo para o triturador — uma máquina aterrorizante que os tritura enquanto ainda estão vivos e totalmente conscientes.

Globalmente, a indústria de ovos mata cerca de 6 bilhões de pintinhos machos considerados “sobras” a cada ano. No Brasil, são 84 milhões de pintinhos descartados anualmente. E esse número gigantesco de mortes no comércio de ovos não considera os bilhões de galinhas que — exaustas e devastadas — não produzem mais o grande número de ovos exigidos delas. As galinhas poedeiras geralmente têm apenas 18 meses quando são transportadas para o matadouro e um novo lote de aves é forçado a entrar nas gaiolas.

As pessoas que pensam que os animais não morrem na indústria de ovos não poderiam estar mais enganados.

Por que os ovos não são bons para nosso corpo?

Está claro que o consumo de ovos não é bom para as galinhas, nem para os pintinhos machos que vivem apenas um dia, mas também não são é bom para nós.

O quanto o colesterol na alimentação afeta o colesterol no sangue permanece em discussão, mas estudos recentes mostraram que pessoas saudáveis são mais propensas a observar um aumento no colesterol LDL (“colesterol ruim”) depois de comer ovos. Aqueles que comem ovos com objetivo de saúde devem ficar atentos.

Além disso, pesquisadores publicaram em 2019 um estudo de 17 anos com trinta mil adultos que mostrou que cada meio ovo ingerido por dia levava a um aumento de 6% no risco de doenças cardíacas e de 8% no risco de mortalidade.

Sim, os ovos contêm alguns nutrientes úteis — como colina e luteína — mas ambos, assim como todos os outros nutrientes que o corpo precisa, podem ser encontrados nas plantas, então por que correr o risco?

Fatos que a indústria do ovos não quer que você saiba

Pintinhos machos são mortos em todos os tipos de produção de ovos

O fato de bilhões de pintinhos machos serem triturados, esmagados ou gaseados até a morte é quase certamente o maior segredo da indústria. Mas não se engane pensando que isso acontece apenas na produção intensiva. Selos como “livre de gaiolas”, “caipira” ou “orgânica” não salvam essas aves do triturador.

Aves são rotineiramente forçadas ao jejum

Algumas empresas no Brasil e no mundo praticam a “muda forçada”, que deveria ser chamada mais precisamente de “jejum forçado”. Descobriu-se que, ao deixar as aves famintas por até duas semanas ou mais, as galinhas põem ovos maiores e mais lucrativos assim que a alimentação é retomada. Obviamente, deixar os pássaros passarem fome causa sofrimento extremo. As aves ficam tão desesperadas por alimento que comem suas próprias penas e podem se comportar de forma agressiva com as outras durante esse período. A prática é claramente cruel e foi proibida em toda a Europa.

Mães galinhas nunca chegam a ser mães

As galinhas põem ovos para ter os pintinhos, não para que as pessoas tenham algo para colocar no pão. E todos nós sabemos que as galinhas são excelentes mães. Afinal, é comum, quando falamos de mães protetoras, dizermos que ela mantém os filhos “sob as asas”, em referência a um comportamento instintivo entre as galinhas. As galinhas têm o instinto de aninhar, de pôr os ovos em privacidade e de sentar-se sobre eles, mantendo-os seguros até à eclosão. Elas até se comunicam com seus filhotes que ainda não nasceram através da parede da casca do ovo. Nas gaiolas, no entanto, elas não têm escolha a não ser observar cada ovo que põem — e todos os filhotes em potencial que poderiam criar — rolar para longe delas por uma calha.

Mais ovos = ossos quebrados

As galinhas criadas para fins comerciais foram selecionadas geneticamente para colocar o maior número de ovos, porque é assim que se ganha mais dinheiro. Contudo, cada casca de ovo requer muito cálcio e as galinhas não recebem o suficiente em suas alimentações, então seus corpos consomem os suprimentos em seus ossos. Como resultado, osteoporose e ossos quebrados são comuns, com um terço de todas as aves sofrendo pelo menos uma fratura e isso antes de serem capturadas e colocadas em caixas para serem enviadas para o abate. Imagine ficar em pé sobre uma malha de arame dia após dia com as pernas quebradas. Este é o preço que as galinhas pagam pelos nossos ovos.

Galinhas são propositalmente mutiladas

Viver em uma gaiola lotada, sem espaço para mover ou esticar as asas e incapaz de aninhar, empoleirar-se ou botar ovos em privacidade causa muito estresse às aves. Elas acabam descontando suas frustrações umas nas outras, assim como faríamos se estivéssemos presos em um carro popular com outras cinco pessoas pelo resto de nossas vidas. Essas aves estressadas bicam umas às outras, o que pode causar ferimentos. Quando esses ferimentos resultam na produção de menos ovos, a indústria age. Mas em vez de dar mais espaço às aves, uma vida melhor e menos motivos para se frustrar e estressar, a indústria escolhe mutilar. É uma prática comum cortar as pontas dos bicos das galinhas poedeiras usando uma lâmina quente — um processo que pode causar dor aguda e crônica devido a danos nos tecidos e lesões nos nervos.

Ninguém sai vivo

Existem milhões de pessoas compassivas que não comem carne porque não querem fazer parte de um processo que mata animais em escala industrial. Elas podem não saber — porque a indústria não quer que elas saibam — que toda galinha poedeira também é morta e seus corpos desgastados são transformados em produtos de baixa qualidade, como sopas, empanados ou mesmo ração de animais de estimação. Não é nenhum agradecimento por botar todos aqueles ovos, não é mesmo?

Ovos podem envenenar você

Os ovos vêm com uma série de avisos: preste atenção especial às datas de validade; tome cuidado com cascas rachadas; refrigere imediatamente; cozinhe-os até ficarem sólidos; não deixe que os ovos cozidos fiquem em temperatura ambiente; LAVE SUAS MÃOS! Você não recebe esse tipo de conselho com cenouras. De acordo com a Food and Drug Administration, existem cerca de 79.000 casos de doenças transmitidas por alimentos e 30 mortes por ano nos EUA causadas pela ingestão de ovos infectados com Salmonella. Esses ovos têm aparência e gosto iguais a qualquer outro, então comer ovos é parecido com jogar roleta russa. Mesmo que isso não chegue a matar, pode fazer muito mal!

Evolução da produção de ovos no mundo

Em apenas 100 anos, deixamos de pegar os ovos botados por nossas próprias galinhas que viviam soltas para comprá-los em uma caixa no supermercado, desviando o olhar sempre que imagens de gaiolas, mutilações, fraturas ósseas e pintinhos macerados surgem.

Cem anos atrás, muito mais pessoas viviam no campo, então criar galinhas e comer seus ovos parecia uma coisa natural a se fazer. Isso começou a mudar com a intensificação da industrialização, quando os ovos passaram a ser vendidos como um empreendimento mais comercial.

Na década de 1940 no Norte Global, parcialmente em resposta à escassez de alimentos durante a Segunda Guerra Mundial, todos os olhos se voltaram para a produtividade. Por que desperdiçar seu tempo procurando ovos quando você pode manter as aves em uma gaiola e deixar os ovos rolarem até você? Engaiolar as aves não afetou sua produtividade. Afinal, as galinhas não precisam ficar felizes para botar ovos, assim como as pessoas não precisam ficar felizes para ovular. Assim, embora seu bem-estar tenha sofrido muito, a produção de ovos aumentou em resposta a uma melhor nutrição dos animais e ao fato de que agora elas ficavam mantidas longe de predadores do mundo exterior. A indústria gostou disso e tem engaiolado aves desde então.

Até a década de 1960, todo mundo estava fazendo isso. A produção de alimentos e a ciência se juntaram para obter cada gota de produtividade das aves, não importando o custo para elas individualmente. A alimentação foi analisada (“quão pouco elas poderiam comer e ainda botar ovos?”). A iluminação foi analisada (“como podemos enganá-las para botar mais ovos?”). E as linhagens de maior produtividade foram reproduzidas e reproduzidas entre si para que a quantidade de ovos botados por cada ave aumentasse e aumentasse. A indústria estava crescendo.

No entanto, havia um problema no sistema. Na verdade, havia muitos problemas no sistema, incluindo Salmonella enterica. Em 1985, o número de infecções e mortes entre aqueles que comiam ovos havia crescido o suficiente para o orgão de saúde pública dos EUA, o Centers for Disease Control and Prevention, começar a coletar informações sobre essa cepa específica e, entre 1985 e 2003, 75% dos surtos estavam relacionados ao consumo de ovos.

Apesar das mortes de estadunidenses e apesar do custo para as aves, a criação de ovos continuou a se intensificar porque a pecuária é um negócio e o lucro é o mais importante. Na década de 1980, as galinhas normalmente botavam 250 ovos por ano, o que é 25 vezes o número que elas colocariam naturalmente. Hoje, através de reprodução seletiva, iluminação artificial e algumas decisões implacáveis, as galinhas põem quase 300 por ano. É uma troca. Obtemos mais ovos e as aves sofrem com mais ossos quebrados.

Mais recentemente, os consumidores começaram a se rebelar contra a causa mais visível de sofrimento na indústria de ovos — as gaiolas — mas a maioria das pessoas ainda sabe pouco sobre as outras crueldades ocultas. Enquanto algumas fazendas mudaram para a produção sem gaiolas e orgânica em resposta a essa demanda, ainda há um longo caminho a percorrer antes que nenhum ser senciente seja enjaulado, deixado com fome e triturado para o nosso benefício.

O que você pode fazer?

O sofrimento não é inevitável. Ele continua apenas porque é financiado por quem compra ou consome os ovos. Tudo o que precisamos fazer para acabar com o sofrimento é parar esse consumo. É só isso!

Evitar o consumo de ovos é fácil. Trata-se apenas de fazer escolhas ligeiramente diferentes quando cozinhamos, fazemos compras e comemos fora. Por exemplo, se você compra macarrão com ovos, compre macarrão de grano duro. Se você faz bolos, confira os diversos e excelentes sites de confeitaria vegana que compartilham deliciosas receitas sem ovos gratuitamente. Aqui também temos dicas para você começar!

Se você gosta de ovos mexidos pela manhã, experimente o tofu mexido. É cheio de proteínas, tem um sabor delicioso e vai deixá-lo preparado para o seu dia. Sabe o que ele não contém? Salmonella.Da mesma forma, omeletes, quiches e crepes podem ser feitos com farinha de grão de bico, um produto delicioso e rico em proteínas.

Conclusão

As galinhas são criaturas maravilhosas — são inteligentes, cheias de personalidade e divertidas — mas também estão entre os animais mais maltratados do planeta. Aos bilhões, nós as encarceramos, mutilamos, forçamos a passar fome, negamos seus instintos, deixamos sofrer, e então — quando não são mais úteis para nós — nós as mandamos sem a menor consideração para a morte.

Podemos ser melhores que isso. Podemos escolher uma vida compassiva.

Quando demonstramos compaixão pelos animais, escolhendo não comê-los (nem suas secreções e excreções), também estamos fazendo uma grande gentileza ao planeta e ao nosso próprio corpo.

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