É impressionante que, em pleno século XXI, os animais ainda sejam usados para testar uma variedade de produtos, incluindo agrotóxicos, armas químicas e produtos de limpeza industrial. Mas os produtos testados em animais também podem chegar às nossas casas, especialmente na forma de cosméticos e itens de higiene pessoal. Então, como podemos saber quais produtos são testados de forma ética para garantir segurança e eficácia e quais não são? Aqui está o nosso guia para escolher os melhores produtos de beleza cruelty-free (livre de crueldade, em português).
O quanto os testes em animais são comuns?
Por centenas de anos, animais foram criados, deliberadamente feridos e sacrificados em laboratórios, apesar das evidências contundentes de que essa prática deveria ter sido abandonada há muito tempo. Testar em animais não é necessário nem ético, mas continua acontecendo por diversos motivos: econômicos, legais e, muitas vezes, simplesmente porque “sempre foi assim”. Os animais sofrem diversos tormentos físicos, psicológicos e emocionais, que não vamos detalhar aqui para não te traumatizar.
Enquanto ativistas trabalham para acabar com essas práticas cruéis, cada um de nós pode fazer a sua parte escolhendo cosméticos e produtos de higiene livres de crueldade.
Os testes em animais para cosméticos são proibidos?
Atualmente, 44 países já proibiram os testes em animais para cosméticos, incluindo os 27 Estados-membros da União Europeia, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Islândia, Índia, Israel, México, Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, Suíça, Taiwan, Turquia e Reino Unido.
Isso é um grande avanço, mas não significa que o problema foi resolvido. Mesmo que o teste de cosméticos em animais seja proibido em determinada região, algumas das marcas mais conhecidas ainda maltratam animais para vender seus produtos em outros países. Além disso, os ingredientes usados nos cosméticos ainda podem ser testados em animais se também forem utilizados em produtos que não são cosméticos.
Por isso, encontrar e apoiar empresas genuinamente éticas é mais importante do que nunca.

Como encontrar cosméticos cruelty-free
Pode parecer simples ler o rótulo e saber quais produtos foram testados em animais ou não. Mas tenha cuidado com essas informações!
Se a embalagem diz “contra testes em animais”, isso não significa que a empresa não testa. Se diz “este produto não foi testado em animais”, não quer dizer que a empresa não testou os ingredientes individualmente em animais. Se diz “não testamos em animais”, a empresa pode apenas terceirizar os testes. Essas afirmações podem ser um campo minado de desinformação.
No entanto, há um indicador útil que devemos procurar: o selo Leaping Bunny. Este selo indica que o produto foi desenvolvido sem testes em animais e pode ser encontrado em milhares de produtos ao redor do mundo, sendo um ótimo ponto de partida.
Porém, esse selo garante apenas que o produto não foi testado em animais, mas isso não quer dizer que ele foi feito sem prejudicar os animais. Por isso, é essencial fazer uma verificação extra para garantir que o produto seja 100% cruelty-free.

Vegano x cruelty-free: qual é a diferença?
Em relação aos cosméticos e itens de higiene pessoal, o termo “cruelty-free” geralmente se refere apenas à ausência de testes em animais. Mas se um batom contém restos de salmão triturado ou um creme hidratante que inclui partes da coluna vertebral de vacas, ele não pode ser realmente considerado cruelty-free.
Para ser verdadeiramente livre de crueldade, o produto precisa ser livre de ingredientes de origem animal. Por isso, consumidores éticos buscam produtos que sejam tanto livres de testes em animais quanto veganos.
Ingredientes de origem animal em cosméticos
Muitos ingredientes de origem animal ainda são usados na indústria cosmética. Aqui estão alguns que você pode estar colocando no seu corpo sem perceber:
- Carmim ou cochonilha – insetos triturados usados para dar cor vermelha ao batom.
- Castóreo – fragrância produzida por castores que são mortos para obtê-la.
- Colágeno – extraído da pele de animais abatidos.
- Elastina – retirada da coluna vertebral de vacas.
- Gelatina – obtida da fervura de ossos e órgãos de animais.
- Guanina – feita de escamas de peixe trituradas, usada para dar brilho a esmaltes.
- Lanolina – retirada da lã de ovelhas abatidas.
- Shellac – secreção de insetos que são mortos para a produzi-la.
- Seda – usada em xampus e obtida através da morte de insetos.
- Esqualeno – extraído do fígado de tubarões, usado em hidratantes e bálsamos labiais.
- Sebo – gordura de vacas e ovelhas abatidas usada em sabonetes e hidratantes.
Para garantir que seus cosméticos e produtos de higiene sejam totalmente livres de crueldade, procure um selo vegano ao lado do Leaping Bunny, ou pesquise as marcas antes de comprar para garantir que elas respeitem seus princípios éticos e de compaixão.
Especialistas no assunto
Felizmente, existem pessoas incríveis que compartilham dicas sobre produtos cruelty-free e veganos. Aqui estão algumas das nossas favoritas:
- Ariane Ficher: talvez você a conheça como Ari Vegan Beauty. Ela produz conteúdo sobre cosméticos cruelty-free e veganos. Siga a Ari.
- Nyle Ferrari: jornalista especialista em cosméticos limpos, Nyle cria conteúdo e dá dicas de cosméticos cruelty-free, veganos e sustentáveis. Siga a Nyle.
- Bianca Marigliani: bióloga e doutora em Biotecnologia, Bianca atua pelo fim da exploração animal na ciência. Siga a Bianca.

Para acabar com os testes em animais
Comprar de empresas genuinamente cruelty-free e veganas — e isso inclui produtos de higiene pessoal, cosméticos e produtos de limpeza — é a maneira mais direta de ter um impacto no fim dos testes em animais. No entanto, para eliminar essa prática de vez, também é essencial apoiar iniciativas que combatem a experimentação animal. No Brasil, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal lidera o projeto Ciência sem Jaulas, oferecendo conteúdos técnicos, informativos e educativos, além de cursos, aulas e palestras sobre os problemas da experimentação animal e alternativas mais éticas. Ao apoiar iniciativas como essa, ajudamos a fortalecer o desenvolvimento de métodos científicos livres de crueldade e a construir um futuro mais compassivo.