O queijo costuma ser um refúgio para quem decide parar de comer carne. Infelizmente, a indústria do leite e seus derivados é uma das formas mais cruéis de criação de animais que os humanos desenvolveram. O queijo também não é o produto artesanal que muitos consumidores imaginam. Trata-se de uma indústria multimilionária que, como todas as formas de criação de animais, recorreu a métodos altamente industrializados para atender à demanda mundial.
O resultado? Um produto industrializado que causa sofrimento aos animais, prejudica a saúde humana e gera uma enorme pegada de carbono.
Passo a passo da produção de queijo
O queijo é visto por muita gente como um produto tradicional e artesanal, produzido em pequenas propriedades com uma ou duas vacas. No entanto, no contexto econômico atual, em que a pecuária industrial é o padrão, isso está longe de ser a realidade.
Produzir queijo (e extrair o leite das vacas para produzi-lo) se tornou um negócio lucrativo e, por isso, o processo mudou drasticamente nos últimos anos, prejudicando bastante aquelas que produzem as matérias-primas (as vacas). O leite é frequentemente transformado em queijo em quantidades gigantescas em fábricas automatizadas, bem diferente das pequenas fazendas que muitas vezes são mostradas nas campanhas publicitárias da indústria de laticínios.

Como é obtido o leite para produzir queijo?
As vacas criadas para a produção de leite estão entre os animais mais explorados na pecuária industrial. Nas fazendas leiteiras, elas são repetidamente engravidadas por inseminação artificial para manter a produção de leite alta, enquanto seus bezerros são tratados apenas como subprodutos. Naturalmente, um bezerro mamaria de sua mãe por até um ano e manteria um vínculo forte por vários anos. Claro, as vacas produzem leite apenas para alimentar seus bezerros, por isso esses bebês são tirados de suas mães poucas horas após o nascimento para não beberem o que é, por direito, deles. Após a separação, eles podem ser abatidos para a produção de vitela, engordados para carne bovina, ou, no caso das fêmeas, forçados a repetir o ciclo de suas mães. Se seus corpos não puderem ser monetizados de outra forma, eles podem ser mortos ao nascer. Enquanto isso, as mães, profundamente afetadas pelo luto, são submetidas a um ciclo contínuo de ordenha, gravidez, parto e perda — tudo para manter a produção de leite.
Se as vacas não fossem inseminadas artificialmente, elas não produziriam leite fora de seu ciclo natural de reprodução. Em vez disso, esse ciclo é forçado, sem interrupção, até que a produtividade do leite diminua e elas sejam consideradas velhas, geralmente dentro de 4 ou 5 anos. O leite de vaca também não é um produto feito para o consumo humano — o que realmente não é surpresa, considerando que ele existe para alimentar um bezerro de 45 kg.
Sem esse processo, não existe queijo.
Seis etapas da produção de queijo
Descrevemos a seguir o processo comum de transformação do leite em queijo. É assim que a maioria dos queijos consumidos no mundo ocidental é feita:
- Uma vaca é inseminada para forçá-la a produzir leite.
- O bezerro dela é retirado para que ele não possa beber o leite, que é enviado para uma fábrica. O bezerro pode ser abatido ou criado para carne de vitela.
- O leite chega à fábrica onde é pasteurizado, ou seja, aquecido para matar bactérias nocivas, que muitas vezes estão presentes devido às condições em que as vacas são mantidas.
- Culturas iniciadoras de bactérias são introduzidas para fermentar a lactose em ácido lático.
- Uma enzima é então introduzida para coagular o leite e separar a coalhada sólida que se tornará queijo. Esta enzima é frequentemente o coalho.
- Essa coalhada é então cortada, moldada e envelhecida para formar o produto final. Às vezes, mofo é introduzido.
O processo acima ocorre em escala industrial em todo o mundo e produz mais de 20 milhões de toneladas de queijo todos os anos. Para produzir leite suficiente para essa quantidade de queijo, milhões de vacas ao redor do mundo precisam ser exploradas.

O que é o coalho?
O coalho é encontrado naturalmente no estômago dos bezerros e tem como função coagular o leite da vaca no estômago para facilitar a digestão. Os fabricantes de queijo estão basicamente reproduzindo esse processo para os humanos poderem consumir leite de vaca — o que parece um pouco estranho, certo?
Tradicionalmente, o coalho era extraído do estômago de bezerros abatidos. Esse tipo de coalho ainda é usado em muitos queijos e, de fato, a legislação europeia estabelece que o Parmesão não pode ser chamado de “Parmigiano-Reggiano” sem o uso de coalho animal.
Felizmente, muitas empresas agora encontraram fontes não animais dessa enzima — mas, como descrito acima, matar bezerros não é novidade para essa indústria, então essa mudança fez pouca diferença no número de bezerros abatidos para criar produtos derivados de leite.
O marketing do queijo
A publicidade da indústria de laticínios constantemente nos mostra imagens de vacas felizes em pequenas fazendas, ou de mestres queijeiros meticulosamente criando seus produtos artesanais. Infelizmente, isso raramente é o caso.
O queijo é frequentemente feito do leite que vem de uma fazenda intensiva e processado em uma fábrica com linha de produção automatizada. Mas se as pessoas vissem essa realidade, seriam muito menos propensas a comprar queijo. Então, empresas como a gigante dos laticínios Arla recorrem a propagandas como essa, que mostram vacas felizes interagindo com fazendeiros felizes.
Na realidade, as fazendas que abastecem a Arla se parecem muito mais com isso.

Conclusão
A primeira etapa da fabricação de queijo é causar um profundo sofrimento emocional e físico a animais vivos e sencientes. E, como essa indústria é global e multimilionária, esse sofrimento é multiplicado em escala mundial, afetando milhões de animais todos os dias. A indústria, no entanto, faz tudo o que pode para garantir que você não veja esse sofrimento e acredite que as vacas estão felizes.
Existem diversas alternativas vegetais ao queijo, que não dependem do sofrimento das vacas e têm um impacto ambiental muito menor. Então, por que aceitar o custo do sofrimento animal na produção de leite e seus derivados?